domingo, 19 de abril de 2009

Indignação


Hoje pela segunda vez em 2 dias fui parar na emergência de um hospital, problemas com cálculo renal, nada muito grave, somente uma dor insuportável, e mesmo com essa dor tão forte não puder não notar e me indignar com o caos da saúde pública.
Claro que este tema não é novo, mas mesmo assim ainda me causa indignação. Minha primeira experiência as 04:00 am de sábado foi em um grande hospital de Curitiba, cheguei de táxi e parei na recepção, esta estava lotada, com um tiozinho de óculos na mesa da frente, local simples, paredes brancas, piso paviflex, tudo normal, ele aponta para outra portaria dizendo que ali é o atendimento do SUS e no meu caso para o plano de saúde a portaria era outra.
Chego na nova portaria e já veja as diferenças, paredes coloridas, com um grande quadro pendurado, atendente uniformizada, agradeço sinceramente por poder estar nesta portaria, menos de 5 minutos depois já estou em um quarto, com medicação e soro na veia, com cobertor sobre o corpo, com minha amiga no quarto para passar o tempo, o médico é educado, fala baixo e é atencioso em duas horas que fiquei recebendo medicação ele vai me ver duas vezes, saio dali aliviada e sem dor.
Domingo 11:00 am novamente uma dor bem forte me atinge e sigo para a emergência mais próxima, o posto de saúde 24 horas, ali vou na emergência do SUS, o lugar está cheio. Chego na recepção tenho prioridade devido ao meu estado, passo pela enfermeira, espero mais um pouco e depois vou falar com o médico, 15 minutos depois sou medicada, desta vez apesar da dor não tem macas, nem quarto, fico sentada meio de lado, meio desajeitada, tentando enganar a dor, depois de meia hora de medicação, já sem muita dor, volto para ver o médico. Enquanto estou do lado de fora aguardando, vejo uma mãe que tenta acalmar o filho a criança chora sem parar e ela anda de uma lado para outro, uma atendente do posto sai batendo de porta em porta nos consultórios, olha para mãe e diz "nenhum deles atende criança" a mãe pergunta "e eu faço o que? estou aqui a 2 horas e ninguém atende meu filho" a atendente olha para ela e diz "vou ver com a coordenação".
A atendente se afasta e a criança não para de chorar, eu com meu atendimento prioritário (só demorou 15 minutos), meio sem graça pergunto? O que ele tem? e a mãe diz "não sei mas não pára de chorar e não tem pediatra no posto".
Ela se afasta atrás de alguém.... a porta de um consultório se abre e de lá sai uma criança e um adulto, a porta se fecha novamente, vou atrás da mãe da criança..."senhora saiu uma criança dali" a mãe mais que depressa no seu desespero que atendam, seu filho bate na porta, pede licença e entra, o filho continua chorando ....meu médico aparece, olha os exames e pergunta se estou melhor me entrega uma receita e eu saio.
Antes de sair olho para porta onde mãe entrou, não ouso nada, e fico pensando onde vai parar todo o imposto que eu pago para o SUS, faço os cálculos 1000% a mais do que eu pago no plano privado, dinheiro "meu" que não serviu para ajudar mãe e filho que a duas horas esperaram por atendimento, que não chegou para comprar macas para emergência, que não deu para pagar um único pediatra para emergência de domingo.
Cada político, cada autoridade deveria passar por um dia em uma emergência médica , olhar nos olhos das mães que embalam seus filhos chorosos pelo corredores dos hospitais e se perguntam onde está meu direito de cidadão!
Volta para casa sem dor, mas com a indignação a flor da pele.